Avaliação Neuropsicológica da Personalidade
A personalidade se trata de um conjunto de pensamentos, sentimentos e comportamentos com relativa estabilidade ao longo da vida do indivíduo, e diz respeito às diferenças individuais. Ainda não há um consenso sobre o modelo da personalidade, contudo, na abordagem mais atual, parte-se do pressuposto de que este construto é composto por traços, que, por sua vez, são dimensionais, o que implica que todos os indivíduos da espécie humana os compartilham, em menor ou maior grau.
Um dos modelos mais aceitos para descrever a personalidade na literatura científica é o Big Five ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores, composto por traços presentes em todas as culturas e que são passíveis de mensuração. Os fatores são descritos abaixo:
1) Abertura a experiências: Relacionado à criatividade e ao interesse por novas ideias, atividades e experiências.
2) Conscienciosidade: Relacionado à organização, disciplina, e comportamento responsável.
3) Extroversão: Relacionado à busca de excitação e interação com outras pessoas.
4) Amabilidade: Relacionado ao interesse social, à cooperação, e relação harmoniosa com outras pessoas.
5) Neuroticismo: Relacionado à instabilidade emocional e vulnerabilidade à adversidade.
Naturalmente, a descrição aqui relatada de cada um desses fatores foi abrangente, e é importante ressaltar que eles possuem características mais específicas que respondem por comportamentos representativos, sendo que tais características são denominadas facetas. Por exemplo, duas facetas que compõem o fator Extroversão são: a tendência gregária e a busca por sensações.
No que diz respeito ao contexto de avaliação neuropsicológica, o entendimento de tal modelo é de grande valia para identificar o funcionamento do paciente, tanto daqueles cujo prejuízo funcional está diretamente relacionado à personalidade como também daqueles em que não está. Quando se trata do primeiro caso, geralmente, observa-se a expressão extremada de ao menos um dos traços ou uma combinação de características que resulta na manifestação desadaptativa dos traços. Em ambas as situações, se porventura os prejuízos não forem melhor explicados por outra condição médica, o neuropsicólogo pode levantar a hipótese de um transtorno de personalidade.
Tais transtornos são caracterizados por padrões cognitivos, emocionais e comportamentais rígidos, expressos em diversas áreas, que resultam em sofrimento significativo para o paciente e/ou para outros. Alguns exemplos são: transtorno de personalidade Borderline, transtorno de personalidade narcisista e transtorno de personalidade histriônica.
Ainda que a avaliação neuropsicológica possibilite diagnosticar pacientes com tais condições, este não se trata do único ponto de contato entre neuropsicologia e personalidade. Outros contextos em que tal associação é explorada são: ao compreender a relação entre processos neuropsicológicos e traços de personalidade, e ao investigar a possibilidade de delineamento de um perfil neuropsicológico associado aos transtornos de personalidade. Em qualquer uma das circunstâncias citadas, nota-se o quanto a avaliação neuropsicológica pode ser uma ferramenta fundamental para delinear intervenções adequadas para o perfil de cada paciente, de forma que eles possam ter uma melhor evolução do quadro.
Atualmente, há instrumentos brasileiros que permitem avaliar a personalidade no contexto da neuropsicologia clínica, sendo um deles o NEO PI-R. Mais informações sobre o assunto debatido neste texto podem ser encontradas no livro Neuropsicologia dos Transtornos Psiquiátricos, disponível aqui.
BIBLIOGRAFIA
Ponsoni, A., Teixeira, A. L., Malloy-Diniz, & Fonseca, R. P. (2022). Neuropsicologia dos transtornos psiquiátricos. Editora Ampla.
Acesse o link abaixo para adquirir seu exemplar!
Conheça nossas Pós-graduações:
> PÓS - GRADUAÇÃO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 100% ONLINE OU EM CURITIBA