As funções executivas (FE) são um conjunto de habilidades cognitivas que apoiam o controle consciente do pensamento, da ação e da emoção. Na avaliação neuropsicológica, tais capacidades são mensuradas com vistas a descrever os possíveis prejuízos associados aos sintomas relatados pelo paciente (por exemplo, dificuldade de gestão de tempo, organização e atenção). Desta forma, em quaisquer hipóteses diagnósticas que envolvam prejuízos associados às FE, a investigação neuropsicológica envolverá a aplicação de instrumentos que as mensuram.

 Contudo, em algumas condições nas quais há prejuízos em tais funções, os déficits não são captados por testes neuropsicológicos. Isto é, o paciente pode obter um desempenho dentro da média esperada para a sua idade em um teste que avalia FE, ainda que, em seu dia a dia, ele tenha sintomas evidentes (Barkley, 2019).

Peguemos como exemplo o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), no qual os prejuízos diários associados às FE estão presentes. Um paciente pode se apresentar para o exame neuropsicológico com queixas de desatenção e dificuldade de autorregulação frequentes, e, após a investigação, é possível notar que estes sintomas estavam presentes antes dos 12 anos e não são melhor explicados por outra condição. De fato, o paciente pode atender a critérios suficientes da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) para TDAH e, ainda assim, não ter tido qualquer resultado abaixo da média em testes de atenção e funções executivas.

Isto porque a especificidade e a duração das tarefas neuropsicológicas que requerem o uso das funções executivas não representam o recrutamento de tais habilidades no contexto ecológico do indivíduo. Portanto, uma avaliação completa das FE não envolve apenas testes diretos (como Stroop, Cartas de Wisconsin, Torre de Londres e Teste dos Cinco Dígitos), mas também, inventários, questionários e escalas (Coello-Zambrano & Ramos-Galarza, 2022), tais quais a Escala de Avaliação de Disfunções Executivas de Barkley (BDEFS).

Na ausência da aferição da manifestação ecológica dos prejuízos cognitivos, o neuropsicólogo corre o risco de compreender erroneamente o caso e fornecer um diagnóstico falso negativo.

Fontes:

Barkley, R. A. (2019). Neuropsychological testing is not useful in the diagnosis of ADHD: Stop it (or prove it)!. The ADHD Report, 27(2), 1-8.

Coello-Zambrano, E., & Ramos-Galarza, C. (2022). Construcción Teórica Neuropsicológica De Las Funciones Ejecutivas. Revista Ecuatoriana de Neurología, 31(2), 74-83.

Diamond, A. (2013). Executive functions. Annual review of psychology, 64, 135-168.

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