Dislexias do Desenvolvimento e Adquiridas
A dislexia é uma transtorno específico da aprendizagem caracterizado pela inabilidade de identificar palavras isoladas de maneira acurada. Como tal, a condição é causa de frustração para o indivíduo e pode resultar em baixo desempenho acadêmico.
Com os avanços das pesquisas da área, sabemos que a etiologia da dislexia é multifatorial, uma vez que ela depende de causas genéticas, intrauterinas, cerebrais, familiares, socioeconômicas, e outras causas ambientais. A partir da origem do quadro patológico, é possível diferenciar dois tipos de dislexia: a do desenvolvimento, que tem origem neurobiológica e se manifesta já no início da aprendizagem da leitura; e a adquirida, que ocorre em indivíduos letrados que passaram a ter prejuízos na leitura devido a uma lesão em áreas cerebrais responsáveis por tal habilidade. Vale destacar que além de ser possível separar a dislexia pela origem dos déficits, também podemos classificá-la conforme sua manifestação, visto que o transtorno se manifesta de muitas maneiras, isto é, com déficits diversos a depender do paciente, além de se apresentar em diferentes graus de severidade. A compreensão completa das dificuldades apresentadas pelo paciente permite o direcionamento de intervenções adequadas.
Ressalta-se que a identificação precisa da dislexia implica uma investigação com o objetivo de excluir outras possíveis explicações para a inabilidade de leitura, visto que o desempenho do aluno pode ser baixo devido a vários outros fatores. Algumas dessas outras causas a serem excluídas são:
1) Instrução escolar inadequada: Por vezes, a dificuldade de aprendizagem da leitura nasce da aplicação de métodos pouco efetivos de alfabetização e escolarização. Nestes casos, os prejuízos podem ser remediados com o ensino adequado.
2) Problemas de acuidade visual e/ou auditiva não corrigidos: Para o diagnóstico de dislexia, a dificuldade de leitura não pode ter origem em prejuízos visuais - que impediriam a percepção acurada das letras e palavras -, e nem em prejuízos auditivos - que dificultariam a percepção da linguagem oral e, consequentemente, o entendimento da linguagem escrita.
3) Prejuízos neurológicos: Na dislexia, os prejuízos acadêmicos não podem ter base em comprometimentos decorrentes de outras condições. Por exemplo, os sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade podem afetar a aprendizagem, contudo as dificuldades não se devem aos déficits nas capacidades cognitivas que embasam a leitura, mas sim nos mecanismos de manutenção da atenção e da motivação.
4) Deficiência intelectual: Trata-se de um comprometimento cognitivo que prejudica a aprendizagem e as habilidades adaptativas do dia a dia. Ao verificar-se déficits no aprendizado da leitura, deve-se descartar a hipótese de que eles sejam explicados por um prejuízo na capacidade cognitiva geral.
5) Adversidade psicossocial: Existem fatores de risco ambientais para dificuldades escolares, e eles devem ser considerados antes de um diagnóstico de dislexia. Alguns desses fatores seriam: restrição alimentar, negligência, bullying, abusos, vizinhança com elevada violência, baixo poder aquisitivo, conflitos familiares, dentre outros.
Com o objetivo de abordar as características, os fatores etiológicos, as comorbidades e as intervenções do transtorno específico de aprendizagem da leitura, o livro Dislexias do Desenvolvimento e Adquiridas fornece, ao longo de 27 capítulos, um direcionamento sobre este transtorno, tanto para aqueles que já o conhecem e pretendem se aprofundar no assunto como para os estudantes e profissionais que estão começando agora a conhecer este universo. O link para conhecer e adquirir o livro está abaixo. Bons estudos!