Neuropsicologia do envelhecimento
Com a população idosa crescendo no mundo, a atenção à saúde dessa faixa etária se torna um tema cada mais essencial. No que diz respeito à saúde mental, destaca-se que dos 30 milhões de idosos no Brasil¹, mais de 1 milhão apresenta algum quadro demencial². Este número chega a 50 milhões de pessoas em todo mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde³.
Na atualidade, a literatura científica prefere o termo Transtorno Neurocognitivo Maior para substituir o que era caracterizado anteriormente como “demência”. De acordo com a 5ª Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)4, o diagnóstico de tal transtorno requer que o paciente apresente:
a) Evidência de declínio cognitivo significativo em, pelo menos, um domínio (atenção complexa, função executiva, linguagem, aprendizagem, etc), se comparado a um nível anterior de desempenho.
b) Déficits cognitivos que interferem significativamente na independência nas atividades diárias.
c) Déficits que não ocorram exclusivamente no contexto de delirium e não são mais bem explicados por outro transtorno mental.
Isto quer dizer que quaisquer quadros clínicos caracterizados por Transtorno Neurocognitivo Maior devem atender a todos os critérios listados. Os diagnósticos mais comuns deste transtorno são os subtipos devido a: doença de Alzheimer, degeneração frontotemporal, doença vascular, doença com corpos de Lewy e doença de Parkinson. Cada um destes subtipos é marcado por comprometimentos específicos.
Apesar de ser de extrema relevância, o diagnóstico dessas condições, por vezes, não é uma tarefa fácil, afinal ele requer:
1) diferenciar o envelhecimento saudável do envelhecimento patológico;
2) avaliar a funcionalidade do paciente hoje comparada à funcionalidade anterior.
Com vistas à identificação precisa, a avaliação neuropsicológica é sugerida5. Tal procedimento se trata de um processo especialmente minucioso que tem início a partir de entrevistas clínicas com o paciente e com familiares. Nestes encontros, são investigados aspectos como escolaridade, acesso à cultura, ocupação, antecedentes familiares e histórico de doenças. Todos estes dados servem como parâmetro para a compreensão de como o indivíduo era antes das queixas. Uma vez que for realizado o mapeamento inicial, o profissional irá selecionar as técnicas que serão utilizadas para a investigação.
A partir de testes neuropsicológicos, questionários e escalas, rastreio dos aspectos afetivos e emocionais, e da avaliação da funcionalidade por meio do relato de um familiar ou cuidador próximo, é possível para o clínico sintetizar o desempenho atual e delinear conclusões sobre possíveis declínios e alterações. Neste ponto, volta-se a um dos critérios anteriores: a cognição e a funcionalidade devem ser comparadas ao desempenho anterior. Isto quer dizer que qualquer conclusão deve levar em conta o histórico do indivíduo.
Com vistas a preparar profissionais da psicologia para realizar avaliação e reabilitação neuropsicológicas em pacientes idosos, o Instituto Sapiens abriu a Especialização em Neuropsicologia do Envelhecimento. Trata-se de uma pós-graduação Lato Sensu com aulas teóricas e prática supervisionada.
Para mais informações e para realização de sua inscrição, clique aqui.
REFERÊNCIAS
¹https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6407
²https://bvsms.saude.gov.br/conhecer-a-demencia-conhecer-o-alzheimer-o-poder-do-conhecimento-setembro-mes-mundial-do-alzheimer/
³https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia
4American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.
5Malloy-Diniz, L. F., Fuentes, D., & Cosenza, R. M. (2013). Neuropsicologia do envelhecimento: uma abordagem multidimensional. Artmed Editora.