O que o Neuropsicólogo Clínico deve saber sobre a validade dos Testes Neuropsicológicos?
Por: Vinícius Figueiredo de Oliveira
Psicólogo, mestrando pelo programa de pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, e pesquisador pelo Laboratório de Psicologia Médica e Neuropsicologia (LAPSIMN - UFMG).
A neuropsicologia é uma área que visa examinar o funcionamento cerebral por meio do estudo do comportamento. A atuação do neuropsicólogo clínico depende de uma soma de conhecimentos relevantes para a prática, sendo um deles a compreensão do funcionamento das ferramentas e dos procedimentos utilizados na avaliação neuropsicológica, por exemplo, os testes neuropsicológicos. Isto porque a aplicação de tarefas, bem como a interpretação posterior, requer instrumentos precisos e padronizados para se obter resultados confiáveis.
Nasce, dessa maneira, a necessidade de os neuropsicólogos compreenderem os principais conceitos associados à verificação da confiabilidade de um teste e das suas respectivas validades psicométricas. Primeiramente, a validade se refere à capacidade de um teste medir adequadamente o construto que pretende avaliar, isto é, se os estímulos utilizados no teste estão relacionados de forma suficiente ao construto em questão e se o construto avaliado é o pretendido. Evidências de validade garantem que as interpretações feitas a partir das respostas dos indivíduos sejam apropriadas e confiáveis. Uma das formas usadas tipicamente para verificar a validade de um teste é a validade de construto baseada na relação com variáveis externas. Isto é, verifica-se se o desempenho de um indivíduo no teste se correlaciona com outras variáveis, como os resultados de outros testes que avaliam o mesmo construto ou características individuais (por exemplo, idade e escolaridade).
Outro aspecto relevante é a fidedignidade dos testes neuropsicológicos, que está relacionada à consistência e à estabilidade das medidas obtidas. A fidedignidade verifica se o instrumento avalia prioritariamente o construto desejado, minimizando erros de medida. Métodos como avaliação por múltiplos avaliadores, teste-reteste e formas alternadas são utilizados para verificar a fidedignidade dos testes, garantindo que os resultados sejam consistentes ao longo do tempo e entre diferentes avaliadores.
A normatização é um componente essencial na avaliação neuropsicológica, permitindo que os resultados dos indivíduos sejam comparados com um grupo normativo de referência. Por meio do estabelecimento de escalas de medida, é possível localizar o desempenho de um indivíduo no construto avaliado. As normas podem ser baseadas em critérios como grau de instrução ou faixa etária, fornecendo um referencial para interpretar os resultados e identificar possíveis desvios em relação à média populacional. Além disso, é importante mencionar a padronização dos testes neuropsicológicos, que se refere à uniformidade no uso e na aplicação das ferramentas avaliativas. Ela envolve o estabelecimento de regras claras para a administração dos testes, garantindo que sejam utilizados de maneira consistente e padronizada.
Os neuropsicólogos devem, portanto, compreender o processo de validação psicométrica de testes e escalas neuropsicológicos para assegurar a qualidade e confiabilidade das avaliações. A validade, fidedignidade, normatização e padronização são elementos-chave nesse processo, garantindo que os resultados sejam precisos, consistentes e comparáveis. Ao conhecer esses conceitos, além de conhecer melhor as ferramentas que utiliza, o profissional da neuropsicologia será capaz de verificar, nos manuais e nos artigos sobres os testes, se os instrumentos com os quais ele se depara são úteis para seus objetivos, se avaliam o que é proposto e se possuem baixas taxas de erro.
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BIBLIOGRAFIA
Seabra, A. G., & Carvalho, L. D. F. (2014). Fundamentos da psicometria. In Fuentes, D., Malloy-Diniz, L. F., de Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (Orgs.). Neuropsicologia: teoria e prática, ed, 2, 67-76.